sexta-feira, 8 de maio de 2015

Brasília, história a céu aberto.

Brasília, história a céu aberto.
      O conceito de história, apesar de parecer simples, não é, a ideia de algo estático e distante limita o campo científico e traz o sentimento coletivo de algo não usual e presente no cotidiano das pessoas.
“Atribui-se a história a função de julgar o passado e instruir o presente para ser útil ao futuro”
LeGoff, 1988.
     A desconstrução do real significado nos faz pensar que história é uma consequência de fatos pré-determinados e imutáveis, contados e descritos com absoluta clareza e imparcialidade pela documentação legal e autêntica, e não é bem assim que a história se faz. A história é uma construção diária de todos aqueles que tem a capacidade de se relacionar com o outro e com o mundo, independentemente de ter conhecimento científico ou somente crenças não prováveis, pois isto não importa para a construção histórica, esta se faz exatamente disto, da fábula, do sonho e do imaginário humano.
“A história deve perscrutar as fábulas, os mitos, os sonhos da imaginação, todas estas velhas falsidades sob as quais ela deve descobrir alguma coisa de muito real, as crenças humanas. Onde o homem passou e deixou alguma marca da sua vida e inteligência, aí esta a história”
LeGoff, 1988.
      É exatamente no sonho e no imaginário que Brasília, a capital do Brasil nasceu e virou história. Brasília não se fez de documentos oficias, fez-se literalmente de sonhos, primeiro com o sonho de Dom Bosco, para depois erguer-se do sonho de diversos trabalhadores de viver o futuro na capital do país, e atualmente, contrariando a ideia de que a história pertence ao passado, ainda é sonho vivo na vida de pessoas que buscam aqui a oportunidade de crescer.
Os documentos espalhados na cidade reforçam a ideia de uma cidade voltada para a história, voltada para modificar e influenciar o cotidiano dos brasilienses. Basta uma volta rápida e uma conversa rotineira para perceber que os emaranhados de retornos não são apenas resultado de um urbanista visionário, são “tesourinhas” que facilitam a chegada a qualquer destino. Destino esse que pode vir a ser um lago artificial imenso, cuja função seria aumentar a umidade do ar, mas acabou sendo ponto de encontro de quem procura diversão ou um pôr do sol bonito.

      Brasília tem a capacidade de transformar suas estruturas em algo útil, a cidade transforma-se com a sua população, uma via urbana gigante que cruza a cidade e de movimento insano durante a semana rende-se ao domingo e feriados, transforma-se em parque, pista de corrida e até em restaurante a céu aberto, e isto é história. A história é a construção diária que fazemos do hoje, relacionando-se com o passado e suas heranças, tendo a certeza de que no futuro tudo complementar-se-á às necessidades de todos nós, agentes da história.

Texto base: Le Goff: História e Memória.

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